" O Monstro da Realidade me pegou. Eu andava vivendo em um sonho, até que o monstro me achou. E eu andava fugindo dele. Mas ele me achou e estava furioso! Me sacudiu, jogou água no meu rosto, gritou comigo e me acordou. Era a Realidade. E como é cruel e frio o monstro da Realidade. Ele não se preocupa com ninguém, não pergunta o que você deseja, simplesmente te prende ao chão. Você tenta fugir, correr, gritar por socorro... Mas as correntes da realidade são firmes demais e você não consegue se mover.
Perguntei ao mostro porque ele fazia isso comigo, porque estava sendo tão injusto! Mas ele não respondeu, apenas me lançou um olhar cansado e impaciente. Ele não gosta de sonhadores. O Monstro da Realidade não gosta de música, nem de chocolate, nem de desenho animado. Ele gosta só do que é prático e simples. E ele é casado com a Dona Rotina. Juntos eles formam o casal mais terrível do planeta. Se você vir os dois, CORRA! Não deixe que a Realidade e a Rotina te peguem!
No meu sonho, tudo era perfeito. O mundo era cheio de cores e cheiros diferentes. Eu vivia com todas as pessoas que eu amo, todos juntos. No meu sonho, havia um Piano. O Piano mais lindo e encantador que eu já vira. E o Piano tocava pra mim, só pra mim, a música mais doce e apaixonada que eu já ouvira. No meu sonho, ninguém brigava e nem ficava triste, era proibido sentimentos ruins. E todos podiam voar, não era preciso ter asas, só pensar em coisas boas, como em Peter Pan, mas sem o pó mágico "pirlimpimpim".
No meu sonho, não haviam "obstáculos" para o amor. O amor era como chuva, que caía livre sobre as pessoas, molhando suas roupas. Todos dançavam quando queriam, riam e cantavam quando queriam e até declamavam poemas! No meu sonho só havia uma regra: Ser feliz.
Quando contei isso ao Monstro da Realidade ele riu de mim. Uma risada seca e maquiavélica. E me disse: "Sabe qual é o problema de vocês, sonhadores? Sempre querem demais." - Dizendo isso, o mostro virou as costas e partiu, me deixando para trás, presa ao chão."